Tinha "aula" de tortura ao som do Hino Nacional!

12/05/2018
Jornalista Vladimir Herzog, morto nos porões da ditadura. Imagem: site IstoÉ
Jornalista Vladimir Herzog, morto nos porões da ditadura. Imagem: site IstoÉ

DA REDAÇÃO | Como parte do relato que fez em 2013 na Assembleia Legislativas do Rio de Janeiro, a pesquisadora da Fundação Getúlio Vargas Dulce Pandolfi conta que:

"No dia 20 de outubro, dois meses depois da minha prisão e já dividindo a cela com outras presas, servi de cobaia para uma aula de tortura. O professor, diante dos seus alunos fazia demonstrações com o meu corpo. Era uma espécie de aula prática, com algumas dicas teóricas. Enquanto eu levava choques elétricos, pendurada no tal do pau de arara, ouvi o professor dizer: "essa é a técnica mais eficaz". Acho que o professor tinha razão. Como comecei a passar mal, a aula foi interrompida e fui levada para a cela. Alguns minutos depois, vários oficiais entraram na cela e pediram para o médico medir minha pressão. As meninas gritavam, imploravam, tentando, em vão, impedir que a aula continuasse. A resposta do médico Amilcar Lobo, diante dos torturadores e de todas nós, foi: "ela ainda aguenta". E, de fato, a aula continuou." (Continua. após o anúncio).

"A segunda parte da aula foi no pátio. O mesmo onde os soldados diariamente, faziam juramento à bandeira, cantavam o hino nacional. Ali fiquei um bom tempo amarrada num poste, com o tal do capuz preto na cabeça. Fizeram um pouco de tudo. No final, avisaram que, como eu era irrecuperável, eles iriam iam me matar, que eu ia virar "presunto"', um termo usado pelo Esquadrão da Morte. Ali simularam meu fuzilamento. Levantaram rapidamente o capuz, me mostraram um revolver, apenas com uma bala, e ficaram brincando de roleta russa. Imagino que os alunos se revezavam no manejo do revolver porque a "brincadeira" foi repetida várias vezes."

A família Bolsonaro defende abertamente esse período sombrio de nossa História. O presidenciável Jair Bolsonaro já chegou inclusive a declarar que é a favor de censura e de matar uns trinta mil no País. Não à toa o Guilherme Boulos (PSOL) disse que Bolsonaro não é um candidato e sim um criminoso. 

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