Maioria no magistério, mulheres são as mais prejudicadas pelas reformas do governo

08/03/2020

Educação / Serão mais anos de sala de aula em jornadas estressantes de até sessenta horas semanais de trabalho. Isto sem falar nas tarefas domésticas e outras que as docentes levam da escola para casa.

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Imagem: aplicativo Canva
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As mulheres estão em maioria no magistério. Segundo matéria da revista Nova Escola (2018), só na Educação Básica são mais de 2,3 milhões de professoras. Na Ensino Infantil, o docente masculino praticamente não existe, de tão raro que é.

Por serem maioria, as professoras foram vistas pela equipe econômica do governo Bolsonaro como um alvo maior a ser atingido pelas reformas. A da Previdência, por exemplo, impôs no mínimo sete anos a mais de sala aula para as docentes, contra cinco também a mais aprovados para os professores. Continua, após o anúncio.

Jornada tripla e tarefas levadas para casa

A professora Aldenora Limeira é um exemplo de mulher que se sobrecarrega no magistério. Ela nos conta que trabalha dois turnos na Rede Estadual do Piauí e um no Estado do Maranhão. São 60 horas semanais, portanto. Para piorar, a Reforma da Previdência também atinge quem já está na sala de aula, tal como essa própria docente explica.

"É estressante, pois além das aulas ainda levo trabalho da escola para fazer em casa, fora as tarefas domésticas, como lavar banheiro, chão e cuidar de dois adolescentes praticamente só. E ainda vem essa reforma do Bolsonaro com regra de transição e me joga mais quatro anos de sala de aula. Tem dia que dá vontade de largar tudo e sumir no mundo, mas resisto, pois sei que não é somente eu nessa situação", diz. Continua, após o anúncio.

Violência

Além do cansaço natural por conta da jornada excessiva de trabalho, elevada agora pela Reforma da Previdência, professoras são mais vulneráveis a agressões por parte de alunos. 

Dado o caráter machista da sociedade, muitas são agredidas moral e até fisicamente nas escolas. 

"Muitos alunos acham que por ser mulher é mais fácil atormentar uma professora. Na maioria das vezes eles encaram o professor com mais cautela", diz a docente piauiense Luzia S Cordeiro. Continua, após o anúncio.

Licenças e abandono da profissão

O caráter estressante da sala de aula faz com que muitas professoras entrem de licença médica, tentem mudar de função ou até mesmo abandonem o cargo. Como são maioria no setor, tal realidade cria sérios problemas na educação, principalmente na área pública.

"Mal o ano letivo começou e já temos cinco professores de licença médica na escola. Destes, quatro são mulheres", diz uma diretora de escola que prefere não se identificar.

Para melhorar o magistério só há uma receita: investir na qualidade das escolas e na melhoria dos salários dos seus profissionais. E isto não pode ser feito aumentando tempo de sala de aula para os professores e professoras ou cortando os poucos direitos que eles têm.

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