Que sujeitinho obtuso!

19/01/2022
Para o sr. Paulo Ziulkoski — presidente da CNM — professores não fazem parte da Educação. Foto/reprodução.
Para o sr. Paulo Ziulkoski — presidente da CNM — professores não fazem parte da Educação. Foto/reprodução.

Landim Neto, docente e editor do Dever de Classe 

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Educação | Em um trecho do filme Um sonho de liberdade (1995), Andy Dufresne (Tim Robbins) — um banqueiro condenado injustamente à prisão perpétua — pede ao chefe corrupto e criminoso do presídio, Warden Norton (Bob Gunton), que viabilize um depoimento que poderia inocentar o encarcerado indevidamente. Norton nega o pedido com alegações absurdas e sem qualquer resquício de lógica ou sensatez, algo característico de sua personalidade doentia. Dufresne, um homem culto e elegante, diz então: "como o senhor é obtuso". Por conta desse "desrespeito", passou dois meses de castigo em uma solitária.

Às vezes, a realidade imita a ficção. Lembrei dessa passagem do filme ao me deparar com uma declaração do sr. Paulo Ziulkoski, presidente da Confederação Nacional de Municípios (CNM). No site da entidade (16), ele sapecou:

Destaca-se que o piso [do magistério] hoje não serve apenas como remuneração mínima, mas, como valor abaixo do qual não pode ser fixado o vencimento inicial, repercute em todos os vencimentos do plano de carreira dos professores. Então o impacto é enorme e prejudica diretamente os investimentos em educação no país." (Grifos meus). Continua, após o anúncio.

Nada poderia ser mais obtuso e ignorante que esse tipo de entendimento sobre o que é a Educação e quais agentes influenciam para que a mesma se dê na prática no dia a dia. 

Docentes, por tal absurdo e descabido raciocínio, sequer deveriam fazer parte da área, pois "prejudicariam diretamente os investimentos no setor," à medida em que gestores sejam obrigados a valorizá-los, como rezam inclusive a Constituição Federal e várias outras legislações no país. 

No mundo real, o pensamento obtuso do sr. Paulo Ziulkoski se equivale em estultice às desculpas do chefe corrupto do presídio que se negou a contribuir para inocentar o banqueiro preso injustamente. Parecem seis e meia dúzia na fábrica mental de produzir absurdos e injustiças.

No desfecho de Um sonho de liberdade, o banqueiro Andy Dufresne consegue fugir — de forma espetacular — da prisão. Em liberdade, denuncia os crimes de Warden Norton. Para não ser preso, o carcereiro-mor do presídio dá um tipo na própria cabeça. 

Não se espera e nem se deseja que Paulo Ziulkoski vá se autoflagelar dessa forma por falar asneiras contra os professores e a Educação. Contudo, bem que deveria ser proibido aos municípios financiar a entidade que esse senhor preside, talvez até com dinheiro que poderia ser gasto com o próprio magistério. Seria uma ótima forma de puni-lo. A realidade, novamente, bem que poderia imitar a ficção.



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