Sob pressão, Bolsonaro teve que apagar aplicativo que indicava drogas inúteis contra a Covid-19

21/01/2021

Ferramenta governamental que desrespeitava os médicos e induzia o povo a tomar remédios perigosos por conta própria — como a cloroquina e hidroxicloroquina — foi repudiada por diversas autoridades sanitárias, jurídicas e pelo Conselho Federal de Medicina.

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Capitão teve que recuar do aplicativo que induzia o povo a se autointoxicar.  Foto/Reprodução.
Capitão teve que recuar do aplicativo que induzia o povo a se autointoxicar. Foto/Reprodução.

Saúde | O presidente Jair Bolsonaro não aguentou as pressões e mandou nesta quinta-feira (21) o Ministério da Saúde retirar do ar o aplicativo TrateCOV, que sugeria a prescrição de medicamentos como hidroxicloroquina, cloroquina, ivermectina, azitromicina e doxiciclina em qualquer idade, inclusive para bebês, e em situações diversas, não só para Covid-19

Autoridades médicas no mundo todo são contra usar tais drogas contra o coronavírus, pois, além de ineficazes contra a doença, têm efeitos colaterais que podem até matar.

Não precisava nem ser médico para se cadastrar e receber da ferramenta a sugestão-bomba para "tratamento". Continua, após o anúncio.

Conselho Federal de Medicina denunciou

Segundo matéria da Folha de S.Paulo (21): "Em nota divulgada nesta quinta (21), o Conselho Federal de Medicina disse que alertou ao Ministério da Saúde sobre 'inconsistências' na ferramenta [TratCOV] e pediu que fosse retirada do ar. A posição ocorreu após análise feita por conselheiros e assessores técnicos e jurídicos."

A Folha diz também que o "conselho afirma na nota que o TrateCov "assegura a validação científica a drogas que não contam com esse reconhecimento internacional". Após o anúncio, confira um infográfico com a questão da vacinação contra a Covid-19 no Brasil.

*O Brasil e a vacina contra a Covid-19

População: 211,8 milhões - IBGE 2020. Cada pessoa deve tomar duas doses, num prazo de 21 dias. 

Para imunizar 100% da população, são necessárias 445 milhões de doses, já com previsão de perda de 5% na logística do armazenamento e transporte.

Mas há quem diga que as condições sanitárias seguras viriam com imunização de 60 a 70 por cento do povo.

Com estes percentuais, a necessidade de doses cairia de 445 milhões para 311 milhões.

O ilusório e fantasma Plano Nacional de Imunização do Ministério da Saúde prevê a vacinação de — apenas — 49,7 milhões de pessoas, divididos em 03 Grupos, necessitando de 104,3 milhões de doses.

O Brasil — até agora — possui somente as 06 milhões de doses articuladas pelo Governo de São Paulo. O presidente Bolsonaro não viabilizou uma gota sequer da vacina até o momento. Quem não é de grupos prioritários, portanto, deve manter estoque de máscaras, álcool em gel e isolamento social. O contágio continua alto e, se depender do capitão, a fila não vai andar. É só bomba em cima da maioria do povo.

*Com dados de José Professor Pachêco, docente e advogado.

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