Há 2 tipos de bolsominions e um pode ser resgatado para votar na esquerda em 2022, diz analista

10/01/2021

"No mínimo, a metade dos eleitores de Bolsonaro em 2018 já votou na esquerda, principalmente em Lula, que deixou a presidência com 87% de aprovação, segundo o Ibope. Por isso, é perfeitamente possível resgatar centenas de milhares de 'bolsominions' para o campo democrático e progressista. Uma outra parte deles, deve-se deixar de lado."

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Lula foi preso injustamente e impedido de concorrer às eleições de 2018. Todas as pesquisas indicavam que ele ganharia no primeiro turno. Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula.
Lula foi preso injustamente e impedido de concorrer às eleições de 2018. Todas as pesquisas indicavam que ele ganharia no primeiro turno. Foto: Ricardo Stuckert/Instituto Lula.

Política | Consultado via Messenger pelo Dever de Classe, o Cientista Social paulista Milton R P Nunes diz que existem dois tipos de 'bolsominions', e que um deles pode ser resgatado para votar na esquerda em 2022. 

O pesquisador argumenta que, "no mínimo, a metade dos eleitores de Bolsonaro em 2018 já votou na esquerda, principalmente em Lula, que deixou a presidência com 87% de aprovação, segundo o Ibope. Por isso, é perfeitamente possível resgatar centenas de milhares de 'bolsominions' para o campo democrático e progressista." Uma outra parte deles, deteriorada política, moral e psicologicamente, deve-se deixar de lado." Após o anúncio, veja a conversa completa que tivemos com o analista.

Por que bolsominions votariam na esquerda em 2022?

Em primeiro lugar, é preciso distinguir os dois tipos de 'bolsominions'. Uma parte segue e tudo indica que continuará a seguir Jair Bolsonaro. É o grupo que se orienta por fake news e que faz parte do setor muito reacionário da classe média ou da alta burguesia que votou nas eleições de 1989 em Ronaldo Caiado ou Fernando Collor. Esse pessoal deve ser deixado de lado, até porque nem maioria entre os próprios bolsonaristas é. O outro núcleo é o que votou no atual presidente, mas que também já votou na esquerda, principalmente em Lula, que deixou o governo com 87% de aprovação, segundo o Ibope. É esse setor mais palatável dos bolsominions que pode ser resgatado para votar no campo progressista em 2022, principalmente se o candidato for o Lula. Continua, após o anúncio.

Mas como esse setor "palatável" dos bolsominions seria resgatado?

Com um trabalho sério da esquerda, que passa em primeiro lugar por não se portar de forma sectária em relação a eles, o que implica em tirar uma política clara que eles possam entender. O que um pequeno empresário que não vende porque o povo não tem dinheiro tem a ganhar com Bolsonaro? O que o trabalhador que perdeu a CLT e a aposentadoria tem a comemorar? O que o servidor público pequeno e médio ganhou com a Pec dos Gastos ou Reforma da Previdência? E o que esse servidor ganhará com a Reforma Administrativa? E as milhares de mortes por Covid-19 que até gente que votou em Bolsonaro atribui a culpa a ele? Fora estes, muitos outros temas podem ser explicados de forma paciente ao setor bolsominion não fanático, de forma a trazê-lo de volta ao campo democrático e progressista. E há também a questão do Lula. (Ver após o anúncio).

O que seria a questão do Lula?

Se o Lula puder ser candidato, há duas peças-chave que ajudam no convencimento desse setor bolsominion. A primeira delas é que haverá uma tendência de muitos aceitarem que o petista terá o direito de concorrer, ainda que não acreditem de todo em sua inocência. O outro ponto é que numa campanha de Lula é mais fácil milhões relembrarem que no governo dele o Brasil cresceu, o salário mínimo aumentou, foram construídos muitas casas populares, programas sociais, vagas nas universidades e a economia bombou. Ele foi o protagonista disso. Ele falando, até os radicais do bolsonarismo são capazes de entender. Não é coisa do outro mundo acreditar. 

E se o Lula não puder concorrer?

Muita coisa leva a crer que poderá. Mas se não puder, vale o mesmo entendimento. Será possível também resgatar esse setor bolsonarista para votar na esquerda. Creio que um outro candidato do próprio PT seria melhor, mais viável. Mas com Guilherme Boulos, Ciro Gomes ou Flávio Dino também é algo realista, embora com mais dificuldades, principalmente se não se juntarem todos pelo menos no segundo turno.

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