Que fazer? | Quando a doença é muito grave, o remédio tem que ser amaríssimo! Leia e compartilhe...

11/04/2018
Foto: Agência Brasil
Foto: Agência Brasil

Por Landim Neto* | Imagine alguém que vá ao médico com queixa de rouquidão. O médico examina cuidadosamente e faz o diagnóstico rápido de que trata-se apenas de uma leve irritação nas cordas vocais. Passa então umas suaves e deliciosas pastilhas aromáticas. Em poucas horas, o problema desaparece definitivamente. Ótimo.

Imagine agora outra pessoa que vá ao médico com a mesma queixa do indivíduo anterior. O médico examina com atenção, prescreve uma bateria de exames e apresenta um diagnóstico assustador: é câncer na garganta em estado avançado. Receita: intervenção cirúrgica associada a quimioterapia.

É natural que o segundo paciente e todos os seus familiares entrem em pânico, desespero. Antes de se submeter ao tratamento, o enfermo e sua família já projetam em suas mentes os possíveis efeitos colaterais do mesmo: prostração, queda de cabelo, vômitos, estresse, envelhecimento precoce... Um horror.

Mas decidem enfrentar e a cura é alcançada com 100% de êxito. Excelente. (Continua após o anúncio).

Analogias não são simples de se fazer, mas a situação política de Lula — hoje um homem preso — é muito similar ao estado do segundo paciente quando procurou o médico pela primeira vez. Lula e nossa democracia vivem uma situação política muito grave, algo que só pode ser solucionado com um remédio amaríssimo, isto é, muito amargo.

Diante disso, em nossa opinião, o PT e todas as forças progressistas do País deveriam associar à defesa que já se faz de Lula nas instâncias da justiça burguesa os métodos de luta direta mais contundentes da classe trabalhadora. 

Neste sentido, é preciso parar com força a reprodução do capital no Brasil e usar os bisturis afiados de uma greve geral para intervir com precisão no bolso dos grandes patrões. É preciso derrotar os fascistas e os métodos que ora adotam para perseguir os trabalhadores, em particular o maior líder popular brasileiro de todos os tempos. (Continua após o anúncio).

Parar os metalúrgicos, os petroleiros, os aeroportuários, os bancos e os químicos. É difícil que a burguesia resista por três dias a uma intervenção terapêutica dessa natureza. 

Historicamente, esse é o remédio que tem sido mais eficaz quando a situação é grave como a que se chegou. Lula está preso. O caso, em estado avançado. Não dá mais para apostar apenas numa saída por dentro da institucionalidade burguesa. 

É preciso, na prática, dar altíssimos prejuízos econômicos à classe alta golpista. É preciso sair de remédios simples — como pacíficas manifestações — e passar ao uso de terapias mais pesadas, como uma greve geral.

Mas poderão dizer: organizar greve geral é muito difícil. Sim. É muito difícil. Mas tal como quimioterapia ou intervenção cirúrgica para quem está com câncer, não é algo impossível de se fazer.

O que está claro é que assim como não se cura um problema gravíssimo na garganta com deliciosas e suaves pastilhas aromáticas, não se combate com eficiência ditaduras por dentro de instituições legais controladas por fascistas. Ou alguém tem alguma saída melhor?

*Landim Neto é editor do Dever de Classe

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