Projeto abre também brechas para ações persecutórias dentro das escolas. Mas há 'pontos positivos', diz especialista.
Contador explica proposta de mudança no reajuste do professor
Modo atual de cálculo tem sido vantajoso para o magistério desde 2010, quando o piso passou a ser reajustado. Alteração elimina ganho real.

Educação | Consultado pelo Dever de Classe, o contador Fábio P L Costa explica com detalhes e dados importantes o que de fato significa a proposta de alteração no cálculo do piso do magistério que prefeitos e governadores pressionam os deputados a fazer. Dias 14 e 15 de dezembro terá inclusive agitação de gestores em Brasília para forçar aprovação dessa pauta. Confira o que diz o especialista, após o anúncio.
Relacionadas:
- Prefeitos vão a Brasília pressionar deputados a mudar piso dos professores
- Manobra para acabar piso nacional dos professores é derrotada na Câmara
- Conforme previsto, piso do magistério cresce e reajuste será de 31,3% em janeiro de 2022
- Verba cresceu; é possível pagar reajuste de 31,3% aos professores em 2022, diz especialista
- Fundeb: repasses do BB crescem para todos os estados e viabilizam reajuste de 31,3% do magistério
- Congresso promulga adicional bilionário para os municípios; parte do montante é para a Educação
O que de fato representa a proposta de prefeitos e governadores para o piso do professor?
A proposta é simples e está num Projeto de Lei que tramita já há algum tempo na Câmara. O PL nº 3776/08 reza que o reajuste anual do professor deixa de ser pelo mesmo índice de crescimento do Custo Aluno e passa a ser pelo INPC acumulado dos últimos doze meses, a inflação oficial do governo. Mudança é péssima para o magistério.
Explique por quê...
Vou dar os números dos reajustes desde 2010 e comparar com a inflação de cada ano anterior. Assim, dá para ver o ganho real obtido pelos professores, ganho este que a proposta dos prefeitos e governadores quer eliminar já a partir do reajuste previsto para o próximo ano. Confira após o anúncio.
Reajustes do magistério pelo Custo Aluno X Inflação do Ano Anterior e Ganho Real para o Docente - GRD (%)
- 2010: 7,86 X 4,31 - GRD: 3,35
- 2011: 15,84 X 5,91 - GRD: 9,93
- 2012: 22,22 X 6,50 - GRD: 15,72
- 2013: 7,97 X 5,84 - GRD: 2,13
- 2014: 8,32 X 5,91 - GRD: 2,41
- 2015: 13,01 X 6,41 - GRD: 6,06
- 2016: 11,36 X 10,67 - GRD: 0,69
- 2017: 7,64 X 6,29 - GRD: 1,35
- 2018: 6,18 X 2,95 - GRD: 3,23
- 2019: 4,17 X 3,75 - GRD: 0,42
- 2020: 12,84 X 4,31 - GRD: 8,53
- 2021: 0 X 4,52 - GRDnegativo: 4,52
- *2022: 31,3 X 11 GRD: 20,3 - *Previsões. Continua, após o anúncio.
Os números mostram um saldo positivo, a não ser neste ano. Por quê?
Em 2021 não houve reajuste porque o presidente Bolsonaro alterou para baixo o Custo Aluno de 2020. Com isso, aumento previsto de 6% foi abortado. E só houve o saldo positivo nos demais anos porque a correção é pelo Custo Aluno. Se fosse do jeito que prefeitos e governadores querem fazer, docentes não teriam tido nenhum ganho real, pois somente a inflação seria reposta. E eles vão a Brasília exatamente para tentar trocar o reajuste de 31,3% de 2022 pela taxa de inflação prevista para este ano, cerca de 11%. Todo mundo de olho.
Compartilhe e curta abaixo nossa página no Twitter e Facebook, para receber atualizações sobre este tema. E aproveite para deixar também uma contribuição para o nosso site.
Faça uma pequena doação de um valor qualquer para que possamos continuar a manter este site aberto. Caso não possa ou não queira colaborar, continue a nos acessar do mesmo jeito enquanto estivermos ativos. Gratos.
Chave para Pix
E-mail: pix@deverdeclasse.org - João R P Landim Nt
Mais recentes sobre educação...
Medida é para ser aplicada nas instituições de ensino federais, estaduais, municipais e distrital, públicas e privadas.
Textos mostram os prejuízos que a reforma traz a estudantes, professores, demais da comunidade escolar e sociedade em geral.