Projeto de ensino domiciliar é 'coisa de maluco' para anular os professores! Leia e compartilhe...

12/04/2019

Quem analisará os milhões de planos pedagógicos individuais exigidos na proposta? Os professores?

Educação | O governo Bolsonaro anunciou — como grande coisa — a instituição do ensino domiciliar no país. O capitão, a ministra Damares Alves e Abraham Weintraub, novo chefe maior do MEC — querem que os próprios pais ou responsáveis cuidem em casa da educação dos estudantes brasileiros. Projeto não passa de 'coisa de maluco' para anular os professores e trazer mais uma fonte de renda ao setor privado. Veja por quê:

1. O Brasil tem cerca de 50 milhões de estudantes na educação básica, segundo o Censo Escolar do MEC de 2017, publicado em 2018. Só no ensino fundamental são mais de 27 milhões de matrículas.

2. O projeto de ensino domiciliar diz que os pais ou responsáveis terão que elaborar  um "plano pedagógico individual" para os alunos. Vamos supor que dos quase 50 milhões de estudantes, 15 milhões (30%) entrem no programa. Quem analisará essas 15 milhões de propostas pedagógicas? Os coordenadores das escolas? Os professores? Os técnicos do MEC? Ou o próprio Bolsonaro e seus dois ministros igualmente desequilibrados? Quem? Continua, após o anúncio.

3. E como os pais que não têm formação pedagógica vão elaborar essas propostas? Vão ter que pagar um profissional da área ou não será exigido que esses planos tenham qualquer rigor metodológico ou parâmetros universais aceitáveis relativos ao ensinar e aprender?

4. O projeto diz também que os alunos serão avaliados pelo próprio MEC a partir do 2º ano, mediante cobrança de taxas. Nesse ponto, sai a 'maluquice' dos idealizadores da proposta e entra a esperteza do mercado. Aluno nenhum hoje paga em escola pública para fazer provas, mesmo os que não se encontram em situação de extrema pobreza. O que o governo quer é cortar os custos da educação presencial e ainda fazer caixa para enviar dinheiro dos alunos para o setor financeiro, tal como fica mais explícito no item a seguir.

5. O projeto abre a possibilidade de instituições privadas oferecerem ao estudante em educação domiciliar avaliações formativas ao longo do ano letivo. Assim fica muito fácil e lucrativo. As escolas particulares se livram dos professores — que passam a ser substituídos pelos pais — e vão ganhar dinheiro fácil com bancos de provas que já têm guardados em seus estabelecimentos de ensino. Continua, após o anúncio.

Essa proposta de ensino domiciliar, portanto, é mais uma aberração ideológica de fundo econômico que Bolsonaro & Cia querem empurrar goela abaixo dos brasileiros. A classe média mais aquinhoada e os ricos jamais vão aderir à mesma. Seus filhos continuarão a ser ensinados em escolas convencionais.

Os prejudicados serão os milhões de estudantes de escolas públicas que o governo quer desativar com tal medida. E perdem também os profissionais da área, em particular os professores, que ficarão anulados, sem capacidade de lutar, sobretudo por melhores salários.