Discurso de que o PT contratou professores demais é ameaça velada de milhares de demissões, diz especialista
"O que parece impossível pode se tornar realidade. O capitão é frio, sem empatia. E Pec que quer aprovar abre brechas para isso."
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Educação | Para o jurista Célio N Falcão, a fala do presidente Jair Bolsonaro sobre "excesso de professores" no Brasil não é só mais um delírio do genocida. Na verdade, segundo afirma, trata-se de uma ameaça velada de milhares de demissões, motivada, entre outras coisas, por ódio ao PT. "O que parece impossível pode se tornar realidade", diz o especialista. Após o anúncio, ele fala mais um pouco sobre a questão.
Por que o senhor diz que o presidente Bolsonaro pode demitir milhares de professores?
O capitão é frio, sem empatia. E o texto da Pec 32 que quer aprovar abre brechas para isso. Para além dessas considerações, Bolsonaro quer enterrar toda e qualquer conquista social criada nos governos do PT. E é fato que Lula e Dilma criaram cerca de 600 institutos federais, várias universidades federais e mais campi para elas. Com isso, dezenas de milhares de novos profissionais do magistério tiveram mesmo que ser contratados. Para Bolsonaro isto é inaceitável. Se o capitão consegue se reeleger, portanto, pode provocar um pesadelo entre os profissionais do magistério desses setores.
Como assim?
Bolsonaro falou que só num concurso a presidente Dilma contratou 100 mil professores, o que não é verdade, é claro. Mas o que ele quer fazer com tal afirmação é convencer seu gado de que o PT abusou nas contratações. Com isso, estaria criando de antemão justificativas para eventuais demissões futuras que queira fazer no área federal da educação, principalmente nos institutos federais e universidades criadas.
E ele teria instrumentos jurídicos para fazer essas milhares de demissões? Ver resposta após o anúncio.
Em primeiro lugar, entenda. Ditadores não precisam de instrumentos jurídicos para jogar seu ódio contra inimigos políticos e a população. Caso Bolsonaro consiga se reeleger, na cabeça dele só passarão duas coisas: 1) que a maioria do povo reconheceu que ele é o melhor para o País, e 2) que agora ele poderá fazer o que quiser.
Além disso, é bom ninguém esquecer, a proposta de Reforma Administrativa que Bolsonaro criou e tramita no Congresso abre enormes brechas para demissão de servidores estáveis. Tem avaliação de desempenho com esse fim, demissão antes de decisão judicial transitada em julgado e outros artifícios para demitir o servidor. Não se iludam: Bolsonaro zombou da morte de quase 600 mil brasileiros por Covid. Para um ser abjeto assim, demitir professor é fichinha.
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