Tese firmada no Superior Tribunal de Justiça diz que legislações locais é que determinam incidência do piso sobre todas as vantagens e carreiras do magistério, o que se traduz em correção anual para todos
Um velho truque contra o piso dos professores
A articulista manipula as cartas (palavras) para tentar vender a ideia liberal que os docentes não ganham tão mal assim
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Atualizada em 02/06/2025, às 14:49

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Truque, segundo o dicionário Priberam, "é uma ação ou técnica para criar uma ilusão". Mágicos, por exemplo, usam cartas do baralho para isso no terreno da diversão. Liberais, como a articulista da Folha de S.Paulo Laura Müller Machado — usam as palavras para também tentar vender fantasias, só que no campo econômico. E é isso que Laura Machado faz em artigo publicado na Folha (30/05/2025) sobre o piso nacional do magistério.

Docente no Insper (organismo a serviço do mercado financeiro), a moça manipula as cartas do dicionário — as palavras — e joga logo no título de seu texto que "Piso de professores é maior do que a remuneração de 94% dos pais de alunos". Meu Deus! Que 'pais de alunos' são esses? Desempregados ou subempregados. Isso ela não conta.
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Um leitor desavisado, porém, mira os "94%" e já começa a se iludir que os docentes ganham na verdade muito bem, ao contrário do que provam os sindicatos da categoria e esses próprios profissionais.
O índice de "94%" é exatamente para desviar a atenção e vender uma fantasia mais na frente, tal como fazem os mágicos quando mexem as cartas de um baralho.
Daí então, para que ninguém perceba que está tentando criar uma ilusão em torno do piso dos professores, a liberal articulista mexe uma série de outras 'cartas' e diz que "se trata de uma das profissões mais importantes do país. Os professores são parte crucial da formação do nosso futuro, a juventude. São eles que podem garantir o aprendizado dos alunos e, portanto, definir o que o Brasil será daqui em diante." Como todo bom mágico, Laura Müller Machado também nos 'emociona' nessa sua apresentação.
Em seguida, faz manobra mais difícil, mesmo para uma boa mágica como ela, e diz de forma ilusória que não é correto comparar os salários dos professores brasileiros com os de outros países, como Alemanha, Canadá e Finlândia, porque o "Brasil é pobre", o que é uma mentira. Contudo, essa é a função do mágico: fazer ilusões parecerem coisas verdadeiras.

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Por fim, sempre mexendo de forma habilidosa com as 'cartas' do dicionário, destaca com algumas ressalvas que "o salário [do professor brasileiro da rede pública de educação básica] é superior ao da rede privada e de outros profissionais com ensino superior com carteira assinada", além, claro, de ser maior também que a remuneração de 94% dos pais de alunos.
Diante disso, a docente do Insper encerra sua apresentação:
"É crucial que a sociedade brasileira esteja ciente dos alcances e das limitações de todas as decisões relativas à função docente. A dúvida que fica é: afinal, qual seria a remuneração adequada? Considerando as comparações internacionais e nacionais, alcançamos um piso satisfatório para a profissão de professor?"
Claro que não, professora. A senhora estaria satisfeita se trabalhasse quarenta horas semanais para receber R$ 4.867,77 — que é o piso do magistério em 2025? Nem com mágica esse piso é satisfatório.
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