Docente escreve belíssima Carta Aberta sobre o futuro dos professores e a Reforma da Previdência! Leia e compartilhe...

24/02/2019

Em um texto sereno escrito a partir de uma citação bíblica, a professora — já aposentada — chama os seus colegas à reflexão e à luta

Educação | A professora paulista Carmelita Albuquerque nos enviou o belíssimo texto abaixo, onde fala do futuro de sua categoria e das relações disso com a Reforma da Previdência do governo Bolsonaro. Dona Carmelita já está aposentada e teme que seus colegas cheguem ao fim da carreira em situação muito ruim, comparado ao que ela própria conquistou. A partir de uma citação bíblica, chama os educadores à reflexão e à luta. Vale a pena conferir!

"No Evangelho de Jesus Cristo Segundo Matheus, há uma passagem que diz: "Não vos preocupeis com o dia de amanhã, pois o dia de amanhã terá suas próprias preocupações!"

Muitas pessoas interpretam esse ensinamento de uma forma frágil e cômoda, para justificar a si mesmas a indiferença que têm em relação a coisas ruins que podem acontecer em suas vidas num futuro próximo ou mais distante.

Vendo o projeto de Reforma da Previdência do governo Bolsonaro, lembrei-me dessa passagem bíblica e da relação que tem com o modo como muitos colegas de profissão estão a encarar o próprio amanhã caso essa medida seja aprovada. Continua, após o anúncio.

Por enquanto, muitos estão indiferentes. E muitos outros resolveram interpretar ao pé da letra a ideia de que "o dia de amanhã terá suas próprias preocupações." Deveriam mudar de postura.

A Reforma da Previdência do governo Bolsonaro não permitirá que a ampla maioria dos que hoje estão em sala de aula se aposentem. E os sortudos que chegarem lá, perderão boa parte dos salários.

O projeto traz várias amarras e dispositivos para acabar na prática a aposentadoria dos professores — e não somente a atual aposentadoria especial — e sim o próprio conceito do que é se aposentar.

Se um professor alcançar a avançada idade estabelecida, pode ser pego nas armadilhas do tempo de contribuição. Se atingiu o tempo de contribuição, é pego na idade porque esta pode ser aumentada pelo próprio governo quase ao seu bel prazer. Continua, após o anúncio.

O projeto é, enfim, de morte. E talvez no sentido literal do termo. Por isso, meus colegas, procurem ler com mais cuidado o que Matheus no ensinou e lutem agora.

Do contrário, nem preocupações talvez tenham tempo de ter no futuro em relação a vossas aposentadorias. Poderão morrer bem antes disso."

São Paulo, 24 de fevereiro de 2019

Professora Carmelita Albuquerque

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