Deputada bolsonarista festejou a indicação do PGR por Lula, sob a alegação de que Gonet 'sempre foi conservador'
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aulo Gonet engavetou, enrolou, desconversou e não apresentou qualquer conclusão sobre os incontestes casos de ilícitos cometidos pelo ex-presidente da República Jair Bolsonaro, embora investigações minuciosas da Polícia Federal (PF) tenham revelado o mar de lama em que o capitão se envolveu, em particular no escandaloso caso do roubo milionário de joias.
Segundo matéria desta segunda-feira (19) do Globo, ao que tudo indica Gonet deixará para se manifestar sobre os escândalos talvez só após as eleições municipais deste ano. Talvez...
Omissão sem qualquer justificativa razoável do Procurador-Geral da República (PGR) favorece o ex-presidente, que aposta no passar do tempo para a coisa esfriar, perder importância ou mesmo cair no esquecimento. Traduza-se isso por possível impunidade a Jair Bolsonaro e vários de seus comparsas, também investigados pela PF.
Por que Paulo Gonet age assim, se foi indicado por Lula e, aparentemente, não teria qualquer interesse em acobertar falcatruas do capitão? As aparência enganam, e a deputada Bolsonarista Bia Kicis (PL-DF) talvez explique e até já deixou pistas muito robustas sobre o possível porquê da tamanha omissão do PGR.
Quando Lula indicou Paulo Gonet como PGR, Bia Kicis festejou a indicação:
"É, sem dúvida, um nome muito bom porque [Paulo Gonet] é uma pessoa muito técnica", disse. "Ele é católico, conservador, pró-família e pró-vida. Não é um progressista. Alguém que quer fazer ativismo e mudar a lei e a Constituição pelo Judiciário" (CNN Brasil, 27/11/2023) (Grifos nossos).
Por que uma bolsonarista-raiz iria festejar uma indicação do presidente Lula para um cargo tão importante, como o de Procurador-Geral da República? Há um acordo de bastidores entre a deputada e Gonet para proteger Jair Bolsonaro de eventuais denúncias de crime? Parece que sim. Ou o que poderia justificar a omissão do Procurador em relação ao ex-presidente?
Segundo coluna de Bernardo Mello Franco, 27/11/2023 (O Globo):
"No passado, Gonet mostrou suas credenciais conservadoras na Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos."
"O procurador votou contra a responsabilização do Estado pela morte de opositores da ditadura militar, como a estilista Zuzu Angel e os guerrilheiros Carlos Lamarca e Carlos Marighella."
Bia Kicis, Bolsonaro e Gonet: aí tem. Ou pode ter.
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