O governo do
Piauí anunciou diversas ações e projetos na área de educação. No entanto, os
professores, peças fundamentais para o sucesso dessas iniciativas, não são
chamados para participar. Dificilmente os resultados educacionais das medidas
anunciadas serão satisfatórios.
Dentre
as ações anunciadas por Rafael Fonteles (PT) estão a criação de 104 escolas de
tempo integral e, até 2025, a transformação de todas as escolas da rede estadual
nessa modalidade de ensino. Fonteles (PT) anunciou também o Seduc
Olímpica, Acelera Seduc, Recomposição da
Aprendizagem, #Oportunidade Jovem, Pacto pela Educação, Seduc Tec, Projeto Justiça
Restaurativa etc.
Em relação às escolas de tempo
integral, o estado não criará nenhuma nova escola, passará uma camada de cal
nas paredes, uma reforma de fachada e diz que é integral, só que, o que há é
uma ampliação da carga horária das disciplinas de formação básica, trilhas da
aprendizagem e eletivas, mas as escolas de tempo integral têm que oferecer um
desenvolvimento dos sujeitos em todas as suas dimensões – intelectual, física,
emocional, social e cultural, com atividades lúdicas como música, teatro,
dança, jogos etc.
De
acordo com a meta 06 do Plano Nacional de Educação, os estados devem oferecer,
no mínimo 50% jornadas diárias de sete horas ou mais até 2024. É uma proposta
ousada do governo do Piauí que trará problemas para os alunos e professores,
muitos estudantes são de famílias carentes e precisam ajudar os pais em casa ou
até mesmo o mercado de trabalho. Já quanto aos docentes, muitos trabalham em
outras redes de ensino, colégios particulares e não teriam como passar o dia
inteiro na escola.
O
Ministério Público e o Tribunal de Contas do Estado deveriam, não ser contra a
criação das escolas de tempo integral, mas só permitir que sejam criadas
escolas com as condições mínimas de funcionamento, afinal de contas, escolas
não deveriam ser depósitos de crianças e adolescentes.
Os
professores do Piauí estão desde 2019 sofrendo um tremendo arrojo salarial, e o
governo não concede o reajuste do piso salarial de acordo com a lei. Para o ano
de 2023, o reajuste do piso foi de 14,95%, passando de R$ 3845, 63 para R$ 4
420, 00. No entanto, o governo apenas complementou para quem recebe abaixo do
piso, quem recebe acima do piso não teve nenhum aumento deixando de fora os
professores com especialização, mestrado e doutorado, justamente os docentes
que mais estudaram. O governador Rafael Fonteles anunciou o pagamento do abono
do Fundeb, por exemplo, o professor SL 40 horas receberá 3 parcelas
quadrimestrais de R$ 800, 00 totalizando R$ 2 400, 00, uma redução de 80% em
relação ao que foi pago no ano passado, o valor de R$ 11 000, 00.
O
Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Piauí, o Sinte, é contra essa
política de bonificação, por que, não incide férias, décimo terceiro, não
contempla os aposentados. E como o governo se mostra intransigente em relação a
essa pauta, o Sinte fará uma assembleia em julho para decidir uma greve a
partir de agosto.
São
tantos projetos e ações anunciados, todavia, nunca o governo convidou o
sindicato para discutir a implementação dessas ações, os docentes são
descartados pela gestão estadual. O governo precisa entender que, os
professores que estão em sala de aula são os mais aptos a apresentar sugestões,
tem experiência, e com certeza contribuiriam para o sucesso dessas ações.
Logo,
espera-se que o governo mude a sua postura com os educadores, melhore a
infraestrutura das escolas, conceda o reajuste devido e deixe de somente fazer
propaganda, é necessário que a educação seja tratada com seriedade e que os
órgãos de controle não sejam coniventes. Só assim, a educação alcançará um
patamar de qualidade satisfatória.