Cientista Social diz que novo ministro da Educação é um deturpador do conhecimento

13/07/2020

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Para a pensadora, não há esperanças de uma Educação emancipadora com alguém que tem como prioridade atingir objetivos evangelizadores.

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Fabíola de Azevedo Lemos, Cientista Social e professora da Educação Básica. Foto: arquivo pessoal.
Fabíola de Azevedo Lemos, Cientista Social e professora da Educação Básica. Foto: arquivo pessoal.

Educação | A Cientista Social e professora da Educação Básica Fabíola de Azevedo Lemos concedeu entrevista ao Dever de Classe e falou sobre alguns pontos de vista defendidos pelo pastor Milton Ribeiro, novo ministro da Educação. Para a pensadora, Ribeiro é um deturpador do conhecimento, pois tem como prioridade atingir objetivos evangelizadores, o que se contrapõe a uma educação emancipadora no País. A cientista diz ainda que ao defender castigos físicos para crianças, o novo ministro certamente mostra-se contrário ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Confira a íntegra da entrevista, após o anúncio.

O novo ministro da educação defende castigos físicos para crianças como método de ensino. O que você acha disso? 

Alguém que não aceita que a Escola ensine os conceitos preliminares para uma sexualidade saudável, mas a faculta ao direito de castigar fisicamente uma criança, é alguém que certamente condena os direitos assegurados pelo ECA. Obsceno como uma sociedade que naturaliza o trabalho infantil.

O pastor também afirma que nas universidades públicas se ensina "sexo sem limites". De onde você acha que ele tirou esse entendimento? Ver após o anúncio.

Ele adapta os conceitos fundamentais da filosofia existencialista. Essa corrente filosófica é subversiva por expor a condição de liberdade em ruptura à visão teleológica de uma suposta "vida com sentido" tão importante ao projeto fundamentalista cristão. Sem contar que o desejo sexual é, por essência, impossível de ser submetido ao poder. Por isso "perigoso" e "indócil". Seria o cúmulo do retrocesso tirar o pensamento existencialista da grade curricular de um curso de filosofia.

É possível ter alguma esperança em relação a esse novo ministro? Por quê?

Não há esperanças de uma educação emancipadora, vindo de alguém que deturpa o conhecimento a fim de atingir seus objetivos evangelizadores.

Que saídas emergenciais, em sua opinião, há para a educação pública no Brasil?

Estamos em um momento de defensiva. Não vejo condições de buscarmos saída para seguirmos avançando enquanto não derrubarmos esse governo [Bolsonaro]. Dos três apelos utilizados pra eleger Bolsonaro (Segurança, combate à corrupção e moral cristã) só resta justamente o apelo moral, já que os dois primeiros foram bastante desgastados com a dissidência de Sérgio Moro. Esse apelo moral representado nas pautas de costume será acionado ao máximo pra manter sua última base de sustentação. A educação é uma pasta fundamental para esse projeto. Por isso, mais prejuízos ainda estão por vir.

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