A Filosofia vai à praça
"Quando perdemos o diálogo, perdemos também o contato com o outro, com o parente e com o desafio de pulsar nosso espírito em intenção do novo"
Zé Ramalho dedicou — sem sucesso — o lado B do disco homônimo que lançou em 1984 ao velho rock'n'roll. A capa do trabalho, contudo, diz muita coisa. O importante evento que ocorre no CCBB bem que poderia fazer algum registro.
Cultura | O Festival Rock Brasil 40 Anos ocorre desde sábado (9) no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), no Rio de Janeiro. Importante evento reúne nomes de peso, como Leo Jaime, Hanói Hanói, George Israel, Fernanda Abreu e Leoni, dentre outros.
Além de shows, haverá também peças teatrais, exposições e filmes sobre o movimento que começou no início dos anos 1980. Uma parte é gratuita.
O anfitrião das palestras é o jornalista e crítico musical Nelson Motta.
Ao que parece, o FRB40 Anos ficará restrito a velhos e velhas bambambãs do rock nacional do fechado eixo Rio-São Paulo. Não é pouca coisa.
Para enriquecer, contudo, um pouco mais o evento, bem que os organizadores poderiam expor e contar a história de um vinil que o paraibano Zé Ramalho lançou em 1984, cujo título, em letras trabalhadas em vermelho e amarelo sobre um fundo cinza, leva o seu próprio nome.
O Lado B dessa produção — "Pra não dizer que não falei de Rock..." — Zé Ramalho dedicou integralmente ao velho rock'n'roll. Mas, sem sucesso, reconheça-se. Continua, após o anúncio.
De fato, o que era para ser rock dos bons nesse trabalho não passou de intenção ou promessa. A não ser em uma ou duas faixas: O tolo da colina (versão de uma música de Lennon e Mc Cartney), e Frágil, com participação da vocalista Christiane Kopke.
O resto é um amontoado de sons dispersos, sem quase nenhuma coesão com aquilo a que se propôs abordar, embora tenha contado com figuras como Pepeu Gomes, Lincoln Olivetti e Erasmo Carlos.
Se no geral, porém, o conteúdo musical do Lado B desse disco de Zé Ramalho é bem fraquinho, a capa é um primor de sintonia com o tema que o FRB40 Anos ora destaca.
Na imagem principal, uma fotomontagem bem "heavy", onde Zé Ramalho contracena com uma jiboia e Christiane Kopke. O colorido da cobra, em contraste com o branco e preto da dupla, dá bem o tom roqueiro da peça.
Na contracapa, o cantor paraibano aparece de casaco de couro e também em branco e preto, contrastando com o fundo amarelo de um prédio antigo. O visual e penteado lembram Raul Seixas.
Arquitetada por um time de cinco feras, dentre os quais o próprio Zé Ramalho, a arte final dessa capa dá bem o tom que o artista talvez tenha querido imprimir, sem êxito, a essa sua tentativa de exaltar o gênero que agitou os anos 1980 em nosso país. Bem que o Festival Rock Brasil 40 Anos poderia fazer algum registro.
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E-mail: pix@deverdeclasse.org - João R P Landim Nt
"Quando perdemos o diálogo, perdemos também o contato com o outro, com o parente e com o desafio de pulsar nosso espírito em intenção do novo"
"A interpretação padrão dos êxitos de Owens é que ele provou que a ideia universal da superioridade racial branca era algo sem fundamentação cientifica ou factual"
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