2022? | Esperar para derrotar Bolsonaro só nas eleições pode ser erro fatal da esquerda! Acesse...
Política | Há uma polêmica sobre o que fazer em relação a Jair Bolsonaro. Um setor majoritário de dirigentes progressistas defende derrotá-lo apenas nas eleições de 2022. Outro, menor, quer o "Fora Bolsonaro, Já!". Estamos com o segundo, pois cremos que adiar essa luta pode ser um erro fatal para a esquerda e para a classe trabalhadora do País.
Dentre os que querem cumprir o calendário eleitoral para destronar Bolsonaro estão figuras de peso como Lula (PT), Boulos (PSOL), Ciro Gomes (PDT) e Manuela D'Ávila (PCdoB). De organização partidária legalizada de esquerda, apenas o Partido da Causa Operária — PCO — defende abreviar o mandato do capitão.
Os que querem esperar 2022 alegam que o atual presidente se "desgastará tanto no Planalto" que "não será mais "páreo para a oposição". Como argumento, usam pesquisas reais que já mostram uma grande erosão do atual governo e as reiteradas trapalhadas do presidente. Mas será que isso é consistente mesmo para derrotar Bolsonaro nas urnas em 2022? Continua, após o anúncio.
Em nossa opinião, o erro maior de quem espera que um possível "desgaste profundo" do governo Bolsonaro possa inviabilizá-lo do ponto de vista das eleições é ignorar que o arcabouço politico-econômico e eleitoral do País é outro desde o golpe que derrubou a presidenta Dilma em 2016 e prendeu Lula para que não fosse candidato em 2018. Não perceber a dimensão disso é andar de olhos fechados e ouvidos tapados na linha do trem.
O velho, "inofensivo" e "democrático" 'esquema de 'escola-cinema-clube-televisão' não existe mais. Em seu lugar, entraram em cena o imperialismo e uma burguesia nacional mais decididos a recolonizar o País. Generais ameaçadores. "Instituições democráticas" a serviço de um neo fascismo. Uma grande mídia que se assume de forma mais aberta e engajada contra os interesses coletivos. E uma horda empoderada de fanáticos que atuam pelas redes sociais a favor do bolsonarismo. O que garante que isso tudo ruirá até 2022? E o que garante também que as eleições — se ocorrerem — serão minimamente democráticas? Continua, após o anuncio.
Em medicina, há um velho e conhecido ditado que diz que "é melhor prevenir do que remediar". Em analogia a isso, pode-se dizer que Bolsonaro é um câncer que ainda está na fase inicial, ou seja, numa etapa onde a possibilidade de combate e cura são mais fáceis de se fazer.
Esperar que esse câncer retroceda a partir de impressões e experiências políticas e eleitorais disputadas em outros marcos pode, reafirmamos, ser um erro fatal para a esquerda e a classe trabalhadora do País. Em vez de diminuir, esse tumor maligno pode avançar, inclusive com outro nome, como João Doria, por exemplo. E se avança, mata, como todos sabem. Portanto, Fora Bolsonaro! Já!
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Análise é do professor Paulo Feldmann, da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP.
Carlota Boto é diretora da Faculdade de Educação da USP e doutora em História Social por essa renomada instituição.