CNTE contesta a medida, pois vê na mesma um estimulo à prática de dupla e tripla jornadas de trabalho, algo que os profissionais da educação tentam superar com a valorização da profissão
POLÊMICA | Educação infantil deve ganhar mais que ensino superior! Leia e compartilhe...

"Professores da educação infantil atuam na raiz da formação escolar de qualquer aluno, fase mais delicada da aprendizagem. Por que eles ganham infinitamente menos que um professor universitário que, pelo menos em tese, já pega o aluno quase pronto?"
DA REDAÇÃO | A pedagoga paulista Maria A N de Negreiros deu início a um doutorado onde defenderá a polêmica tese de que os professores da educação infantil devem ser os mais bem remunerados na hierarquia escolar. "Eles são os responsáveis pela raiz, isto é, pela base da formação dos alunos. Por isso têm que ganhar melhor", diz. Negreiros já é mestra em educação. (Vote na enquete ao final da matéria e dê sua opinião sobre este tema).
Argumentos
O principal argumento levantado pela pesquisadora é exatamente o de que por atuarem na base do ensino-aprendizagem, aos profissionais da educação infantil deveriam ser dadas condições mais favoráveis de trabalho e de salários. "O que justifica um professor universitário ganhar mais que uma professora a quem é dada a tarefa de inclusive preparar na fonte uma criança para no futuro ingressar no próprio ensino superior? Nada, a não ser o histórico erro de considerar o ensino superior como o mais importante na vida escolar."
A pesquisadora exemplifica e questiona: "Você sabe que é muito comum um aluno ingressar na universidade sem saber sequer construir de forma competente um parágrafo. E muitos saem de lá do mesmo jeito que entraram. Você sabe por que isso acontece? A principal razão é que não foram alfabetizados adequadamente, porque ou não passaram pelo ensino infantil ou este foi muito precário. E por que isso ocorre? Isso ocorre porque há muitas vezes sobrecarga de trabalho das professoras e baixíssimo nível salarial. Todo mundo se desmotiva, recorre a greves, licenças ou faltas mesmo, o que traz sérios prejuízos à formação do aluno no momento mais importante de sua vida escolar. Ou se muda isso — e pagar salários melhores é uma das saídas — ou muitos vão se aposentar formados, doutores, mas sem saber de verdade o que é um simples parágrafo", pondera Negreiros. (Continua, após o anúncio).
Questionada se tal proposta não seria injusta e inaplicável, visto que os professores universitário têm formação acadêmica e titulação maior, a pesquisadora rebate e diz que não há injustiça ou inaplicabilidade nenhuma. "Ora, se uma professora está na educação infantil e tem mestrado, por que não pagar a ela também um salário igual ao de qualquer professor universitário com a mesma titulação, principalmente nas instituições públicas? Isto faria inclusive com que muitos professores da educação infantil se estimulassem a ingressar em mais especializações, inclusive mestrado e doutorado. Ao saber que após concluir uma especialização o salário no mínimo seria igual aos dos professores do ensino superior, é óbvio que muitos iam estudar e se motivar a continuar na própria educação infantil. Mas sei que o tema é polêmico e carece de mais debates", conclui negreiros.
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