A ideia de tocar o terror para se apresentar como salvador da pátria talvez engane apenas bolsonarista que reza para pneu
Em "La Casa de Papel", famosa série espanhola na Netflix, Palermo (Rodrigo de La Serna) é o comandante interno da quadrilha que entrou no Banco da Espanha para roubar 90 toneladas de ouro. Inconformado por ter sido destituído do cargo e acorrentado ao lado de Gandia (José Manuel Poga), o habilidoso e egoísta engenheiro de profissão propôs um acordo e ensinou o fascista, criminoso de guerra e chefe da guarda da instituição a livrar-se das algemas com que fora imobilizado logo nas cenas iniciais do assalto.
O objetivo de Palermo era fazer com que Gandia tocasse o terror e instalasse o caos no recinto para convencer os demais membros do bando a reabilitá-lo ao comando da operação. Deu certo, ele voltou à chefia.
O preço, contudo, foi altíssimo: Gandia executou Nairóbi (Alba Flores) com um tiro na testa. A "mestiça" era uma das principais e mais carismáticas personagens da trama.
Continua
Sem o preparo técnico de Palermo, mas com um egoísmo superior ao do personagem criado por Álex Pina, Jair Bolsonaro quer também tocar o terror e instalar o caos no Brasil, num ato de desespero, para apresentar-se em seguida como 'salvador da pátria' e livrar-se da cadeia. Para tanto, convenceu Donald Trump a anunciar um absurdo tarifaço de 50% sobre produtos brasileiros exportados para o mercado norte-americano.
Segundo analistas, caso ameaça se efetivasse, de imediato cerca de 110 mil empregos se perderiam. Uma tragédia, menos terrorista apenas que a insinuação feita pelo senador Flávio Bolsonaro — após ordens do 'papai' — sobre Trump mandar jogar duas bombas atômicas no Brasil caso o capitão vá parar atrás das grades.
Como no mundo real não há um autor-roteirista que decide sozinho o destino de cada personagem, tática 'à la Casa de Papel' de Jair Bolsonaro e sua trupe tem tudo para dar errado. Lula (PT) e sua equipe já estão tomando todas as medidas políticas, econômicas e diplomáticas necessárias para neutralizar a patifaria. Nas redes sociais, maioria rejeita a ação desesperada do genocida, e a prisão iminente do traidor da pátria continua em alta nas bolsas de apostas.
Ademais, convenhamos, Jair Bolsonaro tocar o terror e instalar o caos para se apresentar como 'salvador da pátria' talvez engane apenas bolsonarista que reza para pneu. Nada além disso. A ideia vai acabar mal para ele.
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