A Morte de Ivan Ilitch e A Prisão de Jair Bolsonaro

23/08/2025

Tal como o que ocorreu após o fim do homem de 'vida fútil' criado por Tolstói, reclusão em presídio para Bolsonaro tende a gerar entre os "seus" mais alívio que choro e vela

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Quando, de repente, os colegas de trabalho de Ivan Ilitch souberam de sua morte, o primeiro sentimento foi de alívio. Não porque ficaram felizes pelo fim do sofrimento do "querido amigo", há tempos muito enfermo. A sensação agradável foi porque viram na frescura do defunto a possibilidade, finalmente, de obterem algumas vantagens para eles mesmos, como "um aumento de oitocentos rublos anuais".

Lembrei-me desses fatos iniciais de "A Morte de Ivan Ilitch" — a "novela perfeita" do escritor russo Leon Tolstói — porque tenho visto nos noticiários e redes sociais frenéticas especulações sobre o que acontecerá no Brasil se Jair Bolsonaro for preso. Duas hipóteses são levantadas, basicamente.

A primeira, com considerável eco entre setores da esquerda, fala no "perigo" de "multidões nas ruas" pela liberdade do Jair. A segunda, mais razoável a meu ver,  não vê a coisa bem assim.

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É fato que Jair Bolsonaro continua a ser o 'medalha de prata' nas eleições para presidente, pois tem um público fanático que o segue em qualquer circunstância, e outros tantos que votam nele porque não gostam do PT. Caso a lei permitisse, mesmo na cadeia teria milhões de votos em todas as regiões do país e se sagraria novamente como segundo colocado, atrás de Lula, tal como indicam todas as pesquisas eleitorais divulgadas desde 2023. Ponto.

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Uma coisa, contudo, parece que não é muita clara para alguns sobre o perfil político e pessoal da multidão de eleitores do Jair. Por isso, muitos os tratam como se fossem todos um bando homogêneo de malucos dispostos a sacrificar a própria vida pela liberdade e eleição do extremista de direita. Não é assim.

Na hipótese cada vez mais real e próxima de prisão em regime fechado para Jair Bolsonaro, o "perigo de milhões nas ruas" para retirá-lo do presídio na marra ou forçar reversão imediata da medida na Justiça — nos parece delírio de quem ainda se impressiona com o barulho que o bolsominion-raiz é capaz de fazer. Um erro.

O bolsominion-raiz que acredita em disco voador, reza para pneu e tem coragem de ir libertar Bolsonaro da prisão só com a cara e a coragem — é a minoria da minoria entre os eleitores de Jair Bolsonaro. Sozinhos, continuam mais ou menos aquilo que se viu em Brasília no 8 de janeiro de 2023: aproximadamente, 5.500, de acordo com o relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investigou o caso. O grosso do bolsonarismo só sai de casa mesmo no dia da eleição, para votar em quem o Jair der a ordem.

Isso não quer dizer, porém, que não haverá um aumento da histeria bolsonarista na hora em que o ex-presidente for preso. Buzinaços, ameaças de parar o país e tudo mais tende a ocorrer. Mas a coisa ficará mesmo só no barulho. Nada além disso. 

Não fosse assim, por que Jair Bolsonaro, seus filhos e apoiadores de peso como Silas Malafaia nunca conseguiram organizar atos contundentes de massa para livrar o extremista da humilhante tornozeleira e prisão domiciliar em que o ex-presidente se encontra há quase um mês? Com pouco menos de um milhãozinho de pessoas nas ruas isso seria feito. Cadê? Bolsonaro obteve mais de 58 milhões de votos no segundo turno de 2022.

Ivan Ilitch, o personagem de Leon Tolstói, não era um sociopata e nem tinha os ímpetos assassinos de Jair Bolsonaro. Contudo, como o capitão, dedicou a vida a futilidades e busca por vantagens materiais que seu cargo de juiz permitia. Um ser humano desprezível. 

O resultado disso é que chegou à beira da morte ressentido até com a filha e a própria mulher, porque se sentia abandonado por elas. Lealdade mesmo só via em Guerássim, um jovem honesto que cuidou de Ilitch em suas últimas semanas de vida.

A situação de Jair Bolsonaro deve se encaminhar a algo semelhante ao que ocorreu a Ivan Ilitch em seu leito de morte. Os "amigos" governadores do capitão, Tarcísio de Freitas à frente, tão logo tomarem conhecimento da sentença de prisão — não farão outra coisa senão comemorar reservadamente, pois cada um verá no fato em si uma possibilidade real de chegar à presidência da república. 

E os "Guerássins" extremistas leais ao capitão? Muito poucos, pouco conseguirão fazer. Tal como o que ocorreu após o fim do homem de 'vida fútil' criado por Tolstói, reclusão em presídio para Bolsonaro tende a gerar entre os "seus" mais alívio que choro e vela. Quando entrar setembro, a gente poderá ver.

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