Tramoia é aplicada ano após ano. Advogados, no entanto, dizem que é possível cobrar judicialmente diferenças de 2024 e de todos os anos anteriores.
A "denúncia" do Ciro e a "resposta de Benito a Paulinho"
Sem argumento. "Você está perdido, se perdeu no tempo / Da cabeça aos pés, tá cheio de vento."
Terça, 16:59
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Na sua mais recente newsletter para assinantes, lançada nesta segunda-feira (18), Ciro Gomes volta a remoer o tema de um suposto escândalo de R$ 93 bilhões que Lula e o PT teriam protagonizado, em conluio com o Poder Judiciário, para favorecer bancos. Esquema seria relativo a dinheiro de precatórios.
Novamente, contudo, Ciro não apresenta uma provinha sequer de sua estridente denúncia, embora diga que "minhas fontes [dele] sejam muito seguras e muito bem-informadas". Essas tais fontes "seguras e muito bem informadas" não liberam uma única prova sequer do "escândalo" por quê?
Ele tenta "explicar" e diz que "a imprensa deve fazer a investigação", e deixa no ar também que é o próprio presidente Lula que já deveria ter respondido e revelado documentos expondo sua "culpa"... De um fato que ele Ciro, o denunciante, não consegue mostrar nenhum indício real de que seja verdadeiro. Um delírio.
Sobre a mídia investigar, um setor deu eco ao caso e, a partir de declaração sem rumo do próprio velho coronel cearense à CNN, o Estadão publicou que "o governo não vende precatórios".
Ciro diz então em sua nova newsletter que isso é verdade, ou seja, admite que é um mentiroso. Mas "se "justifica", com a afirmação de que "a força de expressão [dele] teve sua falha." E que falha, hein!
Continuando, houve ainda nota do Banco Central, dando conta de que, dos tais R$ 93 bilhões, "só 3,4% foram pagos a bancos detentores das dívidas". Ciro diz que sim, e que "falo para pedir a investigação dado que, só ela revelará se foram TODOS os R$ 93 bilhões ou parte dele [sic] e em que proporção". Claramente, ele não consegue se entender nem com a concordância nominal de seu texto.
Ou seja, embora passe o dia todo afirmando que Lula e o PT deram R$ 93 bilhões a bancos, o velho coronel reconhece que ele próprio não tem qualquer confiança no que diz. Coisa de quem está com a cachola meio perturbada.
E o que isto tem a ver com uma "resposta de Benito di Paula a Paulinho da Viola"?
Continua, após o anúncio.
Reza uma lenda que nos anos 1970 o grande Paulinho da Viola teria se chateado com o também talentoso e popular Benito di Paula. Motivo: Benito estaria "alterando em demasia o samba", ao incorporar instrumentos musicais "estranhos" ao gênero, como piano, cravo e violino. Por conta disso, Paulinho compôs "Argumento", que seria para alfinetar o colega, onde diz:
"Tá legal, eu aceito o argumento / Mas não me altere o samba tanto assim / Olha que a rapaziada está sentindo a falta / De um cavaco, de um pandeiro ou de um tamborim /
Sem preconceito ou mania de passado / Sem querer ficar do lado de quem não quer navegar / Faça como um velho marinheiro / Que durante o nevoeiro / Leva o barco devagar".
Benito teria reagido à provocação e composto, em resposta, "Não me Importo Nada", em tom retórico de chega para lá em relação a Paulinho:
"Já não tenho hora, já perdi meu sono / Não me importo nada, eu lhe abandono / Você me aborrece, com opiniões / Você nem merece, nem me ver passar / Você quer que eu fale, mas eu vou dizer / Olha, eu só tenho que ter peninha de você / Você está perdido, se perdeu no tempo / Da cabeça aos pés, tá cheio de vento/ Faça alguma coisa, deixa a gente em paz / Olha o campo verde, é todo seu, rapaz!"
O Argumento elegante e maneiro que Paulinho da Viola teria endereçado a Benito di Paula nada tem a ver com o modo odiento com que Ciro Gomes ora vomita suas denúncias vazias contra Lula. Ciro, neste caso dos precatórios, até aqui tem sido um sem argumento.
Agora, o que seria a réplica de Benito se encaixa quase como uma luva em uma resposta que poderia ser dada no momento por Lula ao velho coronel do Ceará. E ainda soaria como algo educado, dado o nível rasteiro de crítica que Ciro continua a insistir em adotar contra o maior líder político do país.
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