Mais petismo nos governos do PT em 2017

26/12/2016

As opções políticas do governador [Wellington Dias] refletem um modo de construção política que predominou no partido desde a adoção da estratégia de conciliação de classes. Essa estratégia impõe ao partido aspectos da política tradicional e autoritarismo. Que em 2017 o companheiro Wellington Dias nos ouça e aceite a companhia do petismo

Por Sérgio Henrique, da Articulação de Esquerda do PT | 2016 foi para o PT o que muitos brasileiros avaliam em suas vidas pessoais quando refletem as expectativas para 2017: que não seja um ano com tantas derrotas como foi neste. 

É verdade que muito da derrota estratégica do PT refletiu na avaliação negativa da vida cotidiana de amplas parcelas da classe trabalhadora. Também é verdadeiro que o perigo dessas derrotas acontecerem foi alertado em nossas críticas ao atual modo petista de governar, que por sua vez é resultado da forma de pensar a Política da atual maioria do partido. 

No Piauí, se observadas as ações recentes do governo petista, as derrotas de 2016 não foram suficientes para a conclusão de que o Partido dos Trabalhadores está sofrendo a maior perseguição política de toda sua história desde 1980. A aprovação da PEC de limite dos gastos públicos; a privatização da AGESPISA; o fraco empenho no enfrentamento ao golpe contra Dilma, o PT e o povo brasileiro, foram sinais de que as características da relação entre governo, partido e movimento social que contribuíram para nossa derrota se repetem a nível estadual de forma ainda mais irresponsável do ponto de vista político.

O cuidado desse texto é com a política e os reflexos das ações do governo tanto para a construção do partido quanto para o desempenho eleitoral nas próximas eleições, estas acontecendo em 2018 ou se antecipadas para 2017. Se do ponto de vista administrativo e fiscal foram levantados inúmeros argumentos para apresentação e aprovação da limitação dos gastos, no aspecto da mobilização e conscientização política dos setores populares militantes para apoiar o PT foi "um tiro no pé". A campanha contra a aprovação da PEC 55 do governo federal encampada por estes mesmos setores populares por si só seria um motivo forte para o governador Wellington propor uma alternativa para prevenção dos efeitos da crise no Piauí.

As opções políticas do governador refletem um modo de construção política que predominou no partido desde a adoção da estratégia de conciliação de classes. Essa estratégia impõe ao partido aspectos da política tradicional e autoritarismo. Está evidente a preocupação da militância petista com as prováveis alianças a serem costuradas para 2018 na eleição estadual. É natural que muitos se sintam constrangidos com a possibilidade de caminhar ao lado de golpistas. Externamente, aumentam as dificuldades de convencimento para filiação no partido de setores que se engajaram na luta por democracia e contra a retirada de direitos, essa situação decorre do fato dos militantes que combateram o golpe geralmente serem contrários a medidas de recorte neoliberal.

Por outro lado, enquanto elogiam as ações do governador, segmentos da imprensa se esforçam para associar a PEC do governo estadual com a atuação "correta" e elogiável do governo golpista de Temer. Essa movimentação visa enfraquecer os argumentos do petismo contra a política neoliberal do governo golpista em âmbito estadual, ou seja, os representantes da Direita e burguesia brasileira no Piauí não estão inertes no que se refere à disputa estadual. 

Portanto, se para o Wellington, o exemplo nacional de que optar por um "mau acordo" ao invés de uma "boa briga" não foi suficiente para o aprendizado sobre luta de classes, para o PT, para os setores populares organizados, e para o povo piauiense, podemos pagar muito caro por causa de opções políticas tomadas sem diálogo e sem construção política coletiva.

Que em 2017 o companheiro Wellington Dias nos ouça e aceite a companhia do petismo.

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